segunda-feira, 22 de março de 2010

Apelo

Bom dia a todos.
Estamos ( TODOS CONTRA O BULLYING no Facebook) a definir uma manifestação pacifica nas escolas a nível nacional. No entanto
encontramos todos os dias um grupo que cresce ( e bem) e aos
administradores ( poucos) vai faltando espaço/tempo para tentar fazermo-nos ouvir.
Vimos assim solicitar colaboradores/administradores do grupo para
colaborar nestas nossas tarefas de difundir e planear
uma manifestação.

São todos bem vindos.

Mais uma vez salientamos que
somos um movimento cívico, todos voluntários, sem cores partidárias ou
religiosas.

Por favor colaborem.
Por uma escola e sociedade melhor.

Pelo grupo:
Pedro Ventura

sábado, 13 de março de 2010

Bullying por estapas. autoria Paulo Alcobia Neves

1 - A criança/jovem é agredida na Escola;
2 - Por iniciativa própria ou por qualquer outra forma os pais tomam conhecimento;
3 - O/A Encarregado de Educação apresenta queixa à directora de turma;
4 - O/os agressores são repreendidos/castigados;
5 - Acto contínuo o/os agressores pensam agora em vingar-se;
6 - Nova agressão c/ testemunhas que dizem que foi a vítima a começar;
7 - Perante o professor/professora afirmam terem sido insultados/agredidos pela vítima;
8 - O encarregado de educação volta à escola;
9 - O professor/professora decide repreender/castigar todos;
9 - A cena volta a repetir-se, começam também os boatos na escola, no hi5, no Fbook, o envio de sms's c/ ameaças, etc...;
10 - Os pais estão à beira de um ataque de nervos e vão à escola reclamar em tom indignado;
11 - O caso começa a ser falado na sala dos professores onde se começam a tomar partidos por este ou por aquele, muitas vezes os Bullys tem comportamentos exemplares dentro da sala de aula...;
12 - A frequência das agressões aumenta, a criança começa a frequentar um psicólogo, os pais assumem os custos;
13 - Em casos extremos, mas não invulgares, a criança vítima de agressões vai ao hospital;
14 - No hospital recomendam aos pais que não declarem a agressão como motivo de consulta uma vez que o preço será muito superior;
15 - Começa a haver algum mau estar na escola;
16 - A presença dos pais começa a ser indesejada;
17 - Se o problema for no seio da turma é o agredido que tem de mudar de turma com todos os prejuízos daí decorrentes;
18 - Os pais, perante a não resolução do problema extravazam a situação recorrendo ao livro de reclamações da escola, à Direcção Regional de Educação, à Comunicação Social, à Polícia ou ao Ministério Público mas nenhuma destas instituições dá importância ao assunto.
19 - A vítima (não os agressores) começa a ser encarada como um problema pela escola, é um queixinhas, faz isto para chamar a atenção, os pais estão a envolver-se em assuntos da escola, "quem não levou uns encostões quando era mais novo" etc.
20 - Acto contínuo é proposta, dizem que para bem da criança (mas na verdade é também para evitar mais chatices) a mudança de Escola.
20 - Se for no final de ano lectivo, a criança vítima de agressões é preterida, por lei, numa escola mais próxima, em relação, por exemplo a alunos com menor idade...
21 - A criança muda, finalmente, de escola, a criança foi agredida, os pais gastaram rios de dinheiro em psicólogos, consultas por agressão, deslocações ao estabelecimento de ensino e ainda tem agora de comprar livros novos.
22 - Os professores respiram de alívio, a criança tenta adaptar-se a uma nova situação tendo por vezes de deslocar-se muitos km e no meio disto tudo os agressores continuam IMPUNES!!!
23 - Nem todos os casos são iguais mas dos vários testemunhos que recolhi nos últimos anos em todos há situações que se enquadram no cenário que acabei de apresentar.
Proposta de solução (no imediato): A criação de Clubes anti-Bullying nas escolas que envolvam alunos, professores, pais e auxiliares com sensibilidade/disponibilidade para estes casos, um porto seguro para aqueles que não podem nem devem ser vítimas constantes da falta de civismo dos colegas.

sexta-feira, 12 de março de 2010

O bullying na escola

O bullying está associado ao espaço escola, uma conotação que se deve substancialmente às idades dos agentes que o protagonizam. A sociabilização é acentuada neste espaço, logo é aqui que funciona, como um “laboratório experimental” das atitudes sociais e psicológicas do ser humano. O bullying tem o seu despoletar na escola e a sua passagem para a sociedade, não é mais, do que uma ampliação do espaço físico do mesmo, ou no caso de transferência para outras realidades (locais de trabalho, zonas de encontro entre adultos ou politica), o “transporte” é concretizado pelos mesmos que o realizavam na escola. Em muitos casos, o tipo de atitude que se implementa ou se protagoniza no contexto escolar é transportado para a realidade social, seja em termos de espaço físico, como no crescimento cronológico do indivíduo. Os anos físicos não acompanham, ou não são acompanhados por um crescimento social e/ou psicológico. De acordo com o artigo “Bullying na Escola e na Vida”, de Rosana Nogueira e Kátia Chedid, (n.d.) o conceito de bullying pode também ser aplicado na relação de pais e filhos e entre professor e aluno, citando como exemplo, os adultos que frequentemente ironizam, ofendem, expõe as dificuldades dos outros perante o grupo, excluem, fazem chantagens, colocam apelidos preconceituosos, tendo como intenção mostrar a sua superioridade e poder.
Não podemos definir espaços físicos (dentro e fora da escola) para a preconização do acto, até porque este (espaço físico) é cada vez menos importante na sociedade em que vivemos. No entanto, dedicaremos atenção à escola porque o objectivo principal é a influência de um tipo particular de bullying, o cyberbullying, em alunos do terceiro ciclo do ensino básico obrigatório (Swearer, Espelage, Napolitano, 2009).
Devemos perceber que, como se afirmou anteriormente, o bullying está associado à escola, mas tendo a consciência que esta, desde o espaço físico ao corpo docente, passando pelos auxiliares de educação e encarregados de educação, é condicionada pelo espaço (bairro, cidade, interior ou litoral do país) e sociedade onde se encontra inserida. A chamada cultura de escola é importante para o desenvolvimento, ou não, do bullying. A existência de um corpo docente estável, numa escola com condições físicas aceitáveis e inseridas numa sociedade saudável do ponto de vista social, é muito menos propensa aos processos do bullying, do que as que não cumprem alguns destes requisitos, essencialmente os humanos (Cohen-Posey, K.,1995).

A famosa expressão de Luís de Camões, “Um rei forte faz forte, gente fraca. Um rei fraco faz fraca, gente forte!” (Lusíadas, III, 138 e cf. IV, 17) dirigida a D. Fernando, Rei de Portugal, pode ser transposta para a liderança escolar e todos os seus “súbditos”. Esta liderança tem de ser perspectivada de um ponto de vista global e cultural, e não somente aplicada a Directores Escolares e a cargos de maior responsabilidade, mas a todos que de alguma forma têm de liderar: professores, delegados de turma, directores de turma, auxiliares, etc.


A violência e a agressão no contexto escolar

Dentro do espaço escolar devemos caracterizar dois locais distintos: a sala de aula e os espaços comuns. Cada um destes locais tem associados tipos de bullying distintos. Assim, e dependendo da capacidade do professor de lidar com as situações, temos uma predominância do bullying verbal na sala de aula. A agressão física fica limitada, não só pela presença de um adulto, como também pelas restrições do espaço físico, inibindo o contacto físico, mas aumentando o verbal. Mesmo assim salvaguarda-se, mais uma vez, que depende da postura e capacidade do professor em lidar com a situação, porque são por demais os casos, em que o aluno A, na aula B, têm um comportamento exemplar e na aula C é indisciplinado, (não querendo equiparar indisciplina com bullying). O bullying entre pares dentro da sala de aula tem assim a possibilidade de ser controlado ou observável.
Embora, nestes casos, os actos de bullying verbal se manifestem predominantemente na sala de aula (entre colegas da mesma turma), estes podem acrescentar ou degenerar em actos de bullying físico nas áreas comuns (pátios, campos de jogos e salas de convívio). No exterior, a não presença de adultos ou de quem observe, controle ou mesmo arbitre as situações é evidente. A ausência destes factores cria espaços de descontrole ou controle lasso, que permite o abuso por parte do bully. Nestes espaços de interacção entre todos os alunos da escola, criam-se clivagens, acentuam-se diferenças e unem-se semelhantes, aumentando o risco de confrontos e as oportunidades ao bullying (Rodriguez, 2004).
Dentro da sala de aula também tem lugar uma das variantes do bullying no espaço escolar, a extensão do acto à comunidade. O que anteriormente apenas se dirigia aos pares focou-se agora no professor, originando a situação do “professor queimado”. Um professor que não conseguiu lidar, ou fê-lo de maneira pouco convincente, com uma situação (a primeira ou das primeiras) de indisciplina (fosse este protagonista ou juiz da quezília) dentro da sua aula, em pouco tempo, e se as situações não forem debeladas firmemente, passa a ser alvo constante de bullying por parte dos alunos, nos casos mais graves estendendo-se a toda a comunidade escolar (alunos). Estes professores são muitas vezes indivíduos socialmente inadaptados, frágeis e inseguros tal como as vítimas “normais” do bullying. Nestes casos, até mesmo os alunos que normalmente seriam somente observadores, sentem que podem também fazer parte de uma “guerrilha” contra alguém, pressupostamente mais “forte”.

O bullying, como se percebe, é um acto de agressão entre agressor(s) e vítima(s). Entende-se que este não é limitado a um estilo de agressor, nem a um estereótipo de
Impacto e incidência do cyberbullying nos alunos do terceiro ciclo do ensino básico português 21
vítima. O bullying pode transformar-se, e por vezes acontece, num “jogo” de quem caça quem, onde os papeis de agressor e vítima algumas vezes se invertem.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Os protagonistas do bullying

Os protagonistas do bullying: o Agressor, a Vítima e o Observador

Seguindo a teoria sócio-ecológica e os factores referência que influenciam o “nascimento” de um bully, podemos extrapolar os mesmos para o perfil da vítima. Assim, alguns dos investigadores do comportamento bullying entre os alunos em idade escolar, identificam e classificam os tipos de papéis sociais desempenhados pelos seus protagonistas como: a “vítima típica”, como aquele que serve de bode expiatório para um grupo; a “vítima provocadora”, como aquele que provoca determinadas reacções contra as quais não possui habilidades para lidar com; a “vítima agressora”, como aquele que reproduz os maus-tratos sofridos; o “agressor”: aquele que ataca os mais fracos; o “espectador”, que é aquele que presencia os maus-tratos, porém não os sofre directamente e nem os pratica, mas que se expõe e reage inconscientemente ao estimulo.
O estereótipo atribuído a estes papéis: vitima; vítima agressora (ou agressor vítima) e o de agressor, pecam por serem demasiados abrangentes (Swearer, Espelage, Napolitano, 2009).
Mesmo correndo o risco de ser demasiado abrangente, o perfil standard de um agressor pode ser o seguinte: pouca capacidade de percepção do outro, pouco auto-controle, falta de capacidade de julgamento, impulsivo, violento (Berkowitz, 1993), pouco inteligente, com pouca habilidade para negociar, (Crick, 1999), com maior capacidade física que a vitima e com alta autoconfiança, popular e com tendência para comportamentos de risco (Neto, 2005).
Socialmente educado em situações anormais, violentas ou desprovidas de afectos, o agressor não o é voluntariamente, existem causas sociais/mentais durante o seu percurso de vida que despoletaram este lado agressivo. O bullying não é a lei do mais forte, é a lei do mais socialmente desintegrado. A sua inaptidão para conseguir responder às solicitações e mensagens sociais normais, fá-lo procurar as suas próprias leis e regras, onde se impõem agressivamente. Através de pesquisas já realizadas, foi possível identificar a existência de uma doença psicossocial expansiva, desencadeadora de um conjunto de sintomas, denominada SMAR (Síndroma de Maus-tratos Repetitivos). O portador desta síndroma, tem necessidade de dominar, de subjugar e de impor sua autoridade sobre o outro, mediante coação; tem necessidade de aceitação e de pertença a um grupo; de auto-afirmação, de chamar a atenção para si. Possui ainda, a inabilidade de expressar os seus sentimentos mais íntimos, de se colocar no lugar do outro e de perceber suas dores e seus sentimentos. O indivíduo com SMAR apresenta a seguinte sintomatologia: irritabilidade, agressividade, impulsividade, intolerância, tensão, explosões emocionais, raiva reprimida, depressão, stress, sintomas psicossomáticos, alteração do humor, pensamentos suicidas.
A vítima, o alvo, é caracterizada por duas ordens de factores, os sociais e os pessoais ou de personalidade. Esta distinção é necessária porque as características pessoais irão acompanhar o indivíduo a sua vida inteira (salvo raras excepções), enquanto as sociais podem, e normalmente são, pontuais ou exclusivas de um período de tempo ou de um determinado espaço geográfico.
A vítima com características intrínsecas à sua personalidade é caracterizada como um indivíduo com pouca capacidade de relacionamento interpessoal ou social, ansioso, envergonhado, solitário, muito inteligente, pouco inteligente, inseguro, exageradamente protegido, com falta de auto-estima, fisicamente fraco ou com alguma deficiência física ou mental. Estas características normalmente acompanham o indivíduo durante um largo período da sua vida, ou na sua totalidade, o que o potencia para a eterna vítima. São potenciais doentes do foro psicológico ou psiquiátrico.
A vítima por factores sociais é sobretudo alvo por características extrínsecas à sua personalidade. São indivíduos de etnias diferentes das predominantes, que socialmente pertencem a grupos menos aceites, pertencentes a clubes rivais dos restantes, independentes, de língua ou sotaque materno diferente, cultura ou religião diferente, em suma, com características sociais momentaneamente diferentes do tipo dominante (etnia, classe, língua, etc.).
A vítima-agressora, indivíduo que é iniciado no bullying como vítima (maioritariamente por factores sociais) e que normalmente por vingança, como resposta aos ataques sofridos, por integração social, ou mesmo, por conveniência pessoal, muda o seu comportamento para agressor ou bully. Não são indivíduos emocionalmente estáveis e esta dualidade de papéis a desempenhar são desequilibradores da sua personalidade.
Os espectadores (”bystanders”) são a maioria dos alunos presenciam as situações de bullying e não interferem. A sua omissão existe por três razões distintas: por serem inseguros e temerosos e por isso sentirem medo de sofrer represálias ou, ao contrário, por estarem a ter “prazer” com o sofrimento da vítima e não terem coragem de assumir a identidade de agressores e, em terceiro lugar, para não perderem o contacto/protecção do agressor, transformando-se em potencial vítima ao fazê-lo (Kowalski, 2008).

quarta-feira, 10 de março de 2010

Definição de Bullying

Definição e tipos de bullying

O bullying é uma acção de agressão físico-psicológica-social prolongada no tempo e na repetição da ocorrência. O termo “bullying” é de origem inglesa e foi introduzido pela primeira vez, por pelo investigador norueguês Dan Olweus em 1978 num livro lançado nos Estados Unidos da América, com o título: “Aggression in the Schools: Bullies and Whipping Boys”, resultado das suas investigações, iniciadas em 1970, e publicadas pela primeira vez na Suécia em 1973, sobre tendências suicidas nos adolescentes. Este investigador também prevê, noutra publicação sua, “Bullying at school, What we know and what we can do” de 1993, um aumento significativo do número de casos de bullying e da sua “expansão” a todos os países, desde a pré-primária até à universidade e a todos os estratos socais. Embora estas previsões fossem de alguma maneira confirmadas com o passar do tempo, hoje coloca-se em causa se existiu um aumento dos casos de bullying ou um aumento de atenção ao assunto? (Swearer, Espelage, Napolitano, 2009). Nas últimas décadas, desde Dan Olweus, que o número de estudos e consequentes autores, aumentou 200%. Este acentuado crescimento, que se alargou a quase todos os países ditos desenvolvidos, fez com que aparecessem, mais publicações mediáticas e por conseguinte mais atenção por parte da população em geral.
O conceito de bullying pode ser traduzido como um acto de agredir, ameaçar, assustar, maltratar, arreliar ou oprimir, ou uma acção praticada por um “bully”, que traduzido pode ser: rufia, mandão, tirano, valentão ou fanfarrão. Este fenómeno consiste em comportamentos agressivos e persistentes exercidos por um indivíduo ou por um grupo de indivíduos que podem durar semanas, meses ou anos.
Definimos bullying como um conjunto de vários comportamentos agressivos ou de intimidação, que apresentam um vasto leque de características comuns, as quais são identificadas por estratégias de intimidação ao outro, vítima viva, consciente e de uma maneira geral mais fraca ou incapaz socialmente, resultando de várias práticas violentas e agressivas quer por um indivíduo, quer por pequenos grupos ou “gangs”. De acordo com o American Psychological Association, a definição de bullying é: “persistent threatening and a aggressive behavior directed toward other people, especially those who are smaller or weaker” (VandenBos, 2007).
O resultado é um sofrimento que pode ser físico, psicológico ou social, este último tomando a forma de exclusão.
A intencionalidade de fazer mal, sem motivo ou provocação, a persistência de uma prática violenta a que a vítima é sujeita, e o facto se realizar entre crianças e jovens adolescentes, é o que diferencia o bullying de outros comportamentos agressivos, por exemplo, Mobbing (Leyman, H. ,Gustafsson, A. 1996), que embora seja uma acto similar, acontece num mundo de adultos e ligado ao mundo do trabalho e à politica.
Os factores que normalmente distinguem o bullying são: a agressão à vítima que não resultou de uma provocação, mas sim por várias acções (inócuas e desprovidas de sentido belicista) que tenham sido identificadas como provocações, as regulares intimidações à mesma vítima ou vítimas, o recurso à força e potencial físico, a coação por desequilíbrio de forças em que os agressores têm um perfil violento e ameaçador, o recurso à capacidade de argumentação verbal, em sentido negativo. As vítimas, são normalmente mais fracas, ou física ou psicologicamente e geralmente não conseguem defender-se ou procurar auxílio (Rodriguez, 2004). 
Bullying pode assumir muitas formas ou tipos. 
 
Segundo Dan Olweus, estes são os nove tipos de bullying:

- O bullying verbal, que se define pelos comentários depreciativos e o chamar nomes, que abrange desde os comentários à figura física, associando animais, passando por um ataque aos pais e/ou pela condição social, entre outros;

- O bullying pela exclusão social ou o isolamento, normalmente acontece quando de alguma maneira, física, mental, social ou outra, o individuo se encontra deslocado da sociedade circundante;

- A agressão física, como bater, chutar, empurrar e cuspir. Esta é sem dúvida a forma física mais violenta do bullying, não necessitando de motivos plausíveis para ter acontecimento;

- A divulgação de mentiras e boatos falsos. Psicologicamente e socialmente arrasador, em especial numa altura da vida em que se procura identificação pessoal nessas duas áreas. É uma forma de bullying que se perpetua e quase sempre vai perseguir o indivíduo durante um grande período da sua vida;

- O furto ou danos a objectos das vítimas. Associado à coação ou extorsão, este tipo de bullying é dos mais “fáceis” de evitar, embora, infelizmente, nunca aconteça isoladamente de outro tipo;

- A ameaça e o forçar a cometer actos ou actividades. Embora seja considerado em algumas culturas de gangs como um ritual de iniciação ou de entrada para o grupo, não deixa de ser bullying; - O bullying racial. É, sem dúvida, o bullying mais direccionado e nenhuma etnia se encontra imune ao acto;

- O assédio sexual. Com maior incidência no sexo feminino, ou grupos não heterossexuais, é uma violação aos direitos de auto-afirmação sexual. Tem maior incidência na adolescência.

- O cyberbullying. No nosso ponto de vista o mais violento psicológica e socialmente. Esta Forma de bullying que utiliza os meios electrónicos de duas maneiras diferentes: a primeira como veiculo para as outras formas de bullying e a segunda servindo-se dessa mesma tecnologia para criar novos tipos de acções agressivas.

Todos estes tipos ou géneros de bullying, podem ou não, ser executados singularmente ou de uma maneira estanque, mas maioria das vezes são utilizados vários tipos (não obrigatoriamente todos) à mesma ou mesmas vítimas, consoante os recursos e intensidade que são impostas pelo agressor (Swearer, Espelage, Napolitano, 2009).
As manifestações dos vários tipos de bullying podem também ser divididas por idades e contextos escolares. Assim, os tipos de agressão, dividem-se, acima de tudo, pelas capacidades psico-motoras e sociais do indivíduo agressor. Se este é capaz de verbalizar ofensas, será desta maneira que produz o seu ataque. A evolução das capacidades intelectuais e físicas fazem com que os agressores modifiquem e variem as suas formas de ataque, isto sem nunca deixar de utilizar um formato já utilizado, mas refinando-o, personalizando-o ou mesmo aplicando-o da maneira que poderá ter mais efeito. A rentabilização de recursos no bullying é sem dúvida uma demonstração Darwiniana da teoria da evolução. Assim podemos dividir os tipos ou formas de bullying por idades, seguindo as normais capacidades de evolução das crianças/adolescentes: bullying predominantemente verbal e físico a partir dos três anos de idade; bullying por exclusão social e bullying racista, a partir dos 6 anos; Bullying por furto e bullying por coação, a partir dos 8 anos; bullying por assédio a partir dos 13/14 anos e cyberbullying a partir do momento que são desenvolvidas, à parte das outras capacidades, conhecimentos e acesso aos sistemas electrónicos. A evolução mental e psicológica das vítimas, é que pode, e maioria das vezes é, diferente, dependendo da idade em que foi ou começou a ser alvo de agressões. O estigma de ser vítima ou agressor, é condicionador de toda a evolução como criança, embora com a idade e factores sociais diferentes se possa reacondicionar comportamentos, e como resultado, uma imagem diferente daquela que anteriormente lhe foi atribuída. É difícil de definir a génese do bullying. A quantidade de factores e associações entre estes é de tal ordem, que cada indivíduo/bully terá um historial único de factores de influência e correlações entre estes, que despoletaram esse seu comportamento. O modelo sócio-ecológico da vitimização/bullying definidos por Swearer, Espelage e Napolitano,
baseado na teoria sócio-ecologica de Bronfebrenner´s (1979), explana a intrincada teia de factores a ter em conta (mas não para definir o comportamento ou a sua génese).

Os factores influenciadores dividiram-se em cinco grupos:

- Factores individuais: depressão; ansiedade; impulsividade; falta de capacidade resolução de problemas; problemas mal resolvidos;
- Factores familiares: pouca/nenhuma supervisão parental; abuso (familiares); agressão na família; falta de envolvimento parental;
- Factores de amizade: o Bullying é aceitável (ou não); o bullying é executado pelo colectivo de amigos; o bullying é praticado pelo grupo de atletas (ligados mais ao desporto) da escola; o bullying é um acto individual;
- Factores escolares: os adultos são bullies; os adultos não intervêm no bullying; os bullies são castigados (ou ajudados); o clima na escola é negativo;
- Factores comunitários ou de sociedade envolvente: a existência de níveis elevados de agressão na comunidade; comunidade com poucos recursos; existe entreajuda entre a escola e a comunidade; a escola é parte integrante na comunidade. Por estes vinte um itens, se pode entender que a compreensão de onde e como nasce o bullying, é complexa. Ter-se-á sempre que produzir uma análise individual para se encontrar soluções, nunca estereotipar ou produzir soluções standard, as chamadas “receitas”.

terça-feira, 9 de março de 2010

O porquê do Movimento.

Sabemos que o Bullying não é um tema novo, mas é, infelizmente, um tema actual. Tal como aconteceu a quem  investigou este conceito pela primeira, foi necessária uma morte, um suicídio de um jovem, para que fosse dada a atenção necessária.
Para que o falecimento do Leandro não seja esquecido, e se previnam outros, é propósito deste movimento, informar, formar, debater, mudar mentalidades, ajudar quem precisa, escutar e fazer-mo-nos ouvir enquanto movimento cívico.
Move-nos a vontade de mudança, que este assunto seja debatido e rapidamente tomadas medidas concretas, seja na Lei, na sociedade ou só na escola. 

Somos todos precisos, todos fazemos parte da comunidade, todos podemos ser vitimas ou observadores ( alguns agressores ou bullies) mas não podemos ser indiferentes.

Aqui serão colocadas as convocatórias do Movimento, textos de apoio, sites temáticos e participações de especialistas na matéria.

O e-mail do movimento está a partir de agora ao vosso dispor, por favor sejamos construtivos.

Os comentários neste blog serão sempre alvo de triagem.

Bem hajam.