quarta-feira, 10 de março de 2010

Definição de Bullying

Definição e tipos de bullying

O bullying é uma acção de agressão físico-psicológica-social prolongada no tempo e na repetição da ocorrência. O termo “bullying” é de origem inglesa e foi introduzido pela primeira vez, por pelo investigador norueguês Dan Olweus em 1978 num livro lançado nos Estados Unidos da América, com o título: “Aggression in the Schools: Bullies and Whipping Boys”, resultado das suas investigações, iniciadas em 1970, e publicadas pela primeira vez na Suécia em 1973, sobre tendências suicidas nos adolescentes. Este investigador também prevê, noutra publicação sua, “Bullying at school, What we know and what we can do” de 1993, um aumento significativo do número de casos de bullying e da sua “expansão” a todos os países, desde a pré-primária até à universidade e a todos os estratos socais. Embora estas previsões fossem de alguma maneira confirmadas com o passar do tempo, hoje coloca-se em causa se existiu um aumento dos casos de bullying ou um aumento de atenção ao assunto? (Swearer, Espelage, Napolitano, 2009). Nas últimas décadas, desde Dan Olweus, que o número de estudos e consequentes autores, aumentou 200%. Este acentuado crescimento, que se alargou a quase todos os países ditos desenvolvidos, fez com que aparecessem, mais publicações mediáticas e por conseguinte mais atenção por parte da população em geral.
O conceito de bullying pode ser traduzido como um acto de agredir, ameaçar, assustar, maltratar, arreliar ou oprimir, ou uma acção praticada por um “bully”, que traduzido pode ser: rufia, mandão, tirano, valentão ou fanfarrão. Este fenómeno consiste em comportamentos agressivos e persistentes exercidos por um indivíduo ou por um grupo de indivíduos que podem durar semanas, meses ou anos.
Definimos bullying como um conjunto de vários comportamentos agressivos ou de intimidação, que apresentam um vasto leque de características comuns, as quais são identificadas por estratégias de intimidação ao outro, vítima viva, consciente e de uma maneira geral mais fraca ou incapaz socialmente, resultando de várias práticas violentas e agressivas quer por um indivíduo, quer por pequenos grupos ou “gangs”. De acordo com o American Psychological Association, a definição de bullying é: “persistent threatening and a aggressive behavior directed toward other people, especially those who are smaller or weaker” (VandenBos, 2007).
O resultado é um sofrimento que pode ser físico, psicológico ou social, este último tomando a forma de exclusão.
A intencionalidade de fazer mal, sem motivo ou provocação, a persistência de uma prática violenta a que a vítima é sujeita, e o facto se realizar entre crianças e jovens adolescentes, é o que diferencia o bullying de outros comportamentos agressivos, por exemplo, Mobbing (Leyman, H. ,Gustafsson, A. 1996), que embora seja uma acto similar, acontece num mundo de adultos e ligado ao mundo do trabalho e à politica.
Os factores que normalmente distinguem o bullying são: a agressão à vítima que não resultou de uma provocação, mas sim por várias acções (inócuas e desprovidas de sentido belicista) que tenham sido identificadas como provocações, as regulares intimidações à mesma vítima ou vítimas, o recurso à força e potencial físico, a coação por desequilíbrio de forças em que os agressores têm um perfil violento e ameaçador, o recurso à capacidade de argumentação verbal, em sentido negativo. As vítimas, são normalmente mais fracas, ou física ou psicologicamente e geralmente não conseguem defender-se ou procurar auxílio (Rodriguez, 2004). 
Bullying pode assumir muitas formas ou tipos. 
 
Segundo Dan Olweus, estes são os nove tipos de bullying:

- O bullying verbal, que se define pelos comentários depreciativos e o chamar nomes, que abrange desde os comentários à figura física, associando animais, passando por um ataque aos pais e/ou pela condição social, entre outros;

- O bullying pela exclusão social ou o isolamento, normalmente acontece quando de alguma maneira, física, mental, social ou outra, o individuo se encontra deslocado da sociedade circundante;

- A agressão física, como bater, chutar, empurrar e cuspir. Esta é sem dúvida a forma física mais violenta do bullying, não necessitando de motivos plausíveis para ter acontecimento;

- A divulgação de mentiras e boatos falsos. Psicologicamente e socialmente arrasador, em especial numa altura da vida em que se procura identificação pessoal nessas duas áreas. É uma forma de bullying que se perpetua e quase sempre vai perseguir o indivíduo durante um grande período da sua vida;

- O furto ou danos a objectos das vítimas. Associado à coação ou extorsão, este tipo de bullying é dos mais “fáceis” de evitar, embora, infelizmente, nunca aconteça isoladamente de outro tipo;

- A ameaça e o forçar a cometer actos ou actividades. Embora seja considerado em algumas culturas de gangs como um ritual de iniciação ou de entrada para o grupo, não deixa de ser bullying; - O bullying racial. É, sem dúvida, o bullying mais direccionado e nenhuma etnia se encontra imune ao acto;

- O assédio sexual. Com maior incidência no sexo feminino, ou grupos não heterossexuais, é uma violação aos direitos de auto-afirmação sexual. Tem maior incidência na adolescência.

- O cyberbullying. No nosso ponto de vista o mais violento psicológica e socialmente. Esta Forma de bullying que utiliza os meios electrónicos de duas maneiras diferentes: a primeira como veiculo para as outras formas de bullying e a segunda servindo-se dessa mesma tecnologia para criar novos tipos de acções agressivas.

Todos estes tipos ou géneros de bullying, podem ou não, ser executados singularmente ou de uma maneira estanque, mas maioria das vezes são utilizados vários tipos (não obrigatoriamente todos) à mesma ou mesmas vítimas, consoante os recursos e intensidade que são impostas pelo agressor (Swearer, Espelage, Napolitano, 2009).
As manifestações dos vários tipos de bullying podem também ser divididas por idades e contextos escolares. Assim, os tipos de agressão, dividem-se, acima de tudo, pelas capacidades psico-motoras e sociais do indivíduo agressor. Se este é capaz de verbalizar ofensas, será desta maneira que produz o seu ataque. A evolução das capacidades intelectuais e físicas fazem com que os agressores modifiquem e variem as suas formas de ataque, isto sem nunca deixar de utilizar um formato já utilizado, mas refinando-o, personalizando-o ou mesmo aplicando-o da maneira que poderá ter mais efeito. A rentabilização de recursos no bullying é sem dúvida uma demonstração Darwiniana da teoria da evolução. Assim podemos dividir os tipos ou formas de bullying por idades, seguindo as normais capacidades de evolução das crianças/adolescentes: bullying predominantemente verbal e físico a partir dos três anos de idade; bullying por exclusão social e bullying racista, a partir dos 6 anos; Bullying por furto e bullying por coação, a partir dos 8 anos; bullying por assédio a partir dos 13/14 anos e cyberbullying a partir do momento que são desenvolvidas, à parte das outras capacidades, conhecimentos e acesso aos sistemas electrónicos. A evolução mental e psicológica das vítimas, é que pode, e maioria das vezes é, diferente, dependendo da idade em que foi ou começou a ser alvo de agressões. O estigma de ser vítima ou agressor, é condicionador de toda a evolução como criança, embora com a idade e factores sociais diferentes se possa reacondicionar comportamentos, e como resultado, uma imagem diferente daquela que anteriormente lhe foi atribuída. É difícil de definir a génese do bullying. A quantidade de factores e associações entre estes é de tal ordem, que cada indivíduo/bully terá um historial único de factores de influência e correlações entre estes, que despoletaram esse seu comportamento. O modelo sócio-ecológico da vitimização/bullying definidos por Swearer, Espelage e Napolitano,
baseado na teoria sócio-ecologica de Bronfebrenner´s (1979), explana a intrincada teia de factores a ter em conta (mas não para definir o comportamento ou a sua génese).

Os factores influenciadores dividiram-se em cinco grupos:

- Factores individuais: depressão; ansiedade; impulsividade; falta de capacidade resolução de problemas; problemas mal resolvidos;
- Factores familiares: pouca/nenhuma supervisão parental; abuso (familiares); agressão na família; falta de envolvimento parental;
- Factores de amizade: o Bullying é aceitável (ou não); o bullying é executado pelo colectivo de amigos; o bullying é praticado pelo grupo de atletas (ligados mais ao desporto) da escola; o bullying é um acto individual;
- Factores escolares: os adultos são bullies; os adultos não intervêm no bullying; os bullies são castigados (ou ajudados); o clima na escola é negativo;
- Factores comunitários ou de sociedade envolvente: a existência de níveis elevados de agressão na comunidade; comunidade com poucos recursos; existe entreajuda entre a escola e a comunidade; a escola é parte integrante na comunidade. Por estes vinte um itens, se pode entender que a compreensão de onde e como nasce o bullying, é complexa. Ter-se-á sempre que produzir uma análise individual para se encontrar soluções, nunca estereotipar ou produzir soluções standard, as chamadas “receitas”.

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