quinta-feira, 11 de março de 2010

Os protagonistas do bullying

Os protagonistas do bullying: o Agressor, a Vítima e o Observador

Seguindo a teoria sócio-ecológica e os factores referência que influenciam o “nascimento” de um bully, podemos extrapolar os mesmos para o perfil da vítima. Assim, alguns dos investigadores do comportamento bullying entre os alunos em idade escolar, identificam e classificam os tipos de papéis sociais desempenhados pelos seus protagonistas como: a “vítima típica”, como aquele que serve de bode expiatório para um grupo; a “vítima provocadora”, como aquele que provoca determinadas reacções contra as quais não possui habilidades para lidar com; a “vítima agressora”, como aquele que reproduz os maus-tratos sofridos; o “agressor”: aquele que ataca os mais fracos; o “espectador”, que é aquele que presencia os maus-tratos, porém não os sofre directamente e nem os pratica, mas que se expõe e reage inconscientemente ao estimulo.
O estereótipo atribuído a estes papéis: vitima; vítima agressora (ou agressor vítima) e o de agressor, pecam por serem demasiados abrangentes (Swearer, Espelage, Napolitano, 2009).
Mesmo correndo o risco de ser demasiado abrangente, o perfil standard de um agressor pode ser o seguinte: pouca capacidade de percepção do outro, pouco auto-controle, falta de capacidade de julgamento, impulsivo, violento (Berkowitz, 1993), pouco inteligente, com pouca habilidade para negociar, (Crick, 1999), com maior capacidade física que a vitima e com alta autoconfiança, popular e com tendência para comportamentos de risco (Neto, 2005).
Socialmente educado em situações anormais, violentas ou desprovidas de afectos, o agressor não o é voluntariamente, existem causas sociais/mentais durante o seu percurso de vida que despoletaram este lado agressivo. O bullying não é a lei do mais forte, é a lei do mais socialmente desintegrado. A sua inaptidão para conseguir responder às solicitações e mensagens sociais normais, fá-lo procurar as suas próprias leis e regras, onde se impõem agressivamente. Através de pesquisas já realizadas, foi possível identificar a existência de uma doença psicossocial expansiva, desencadeadora de um conjunto de sintomas, denominada SMAR (Síndroma de Maus-tratos Repetitivos). O portador desta síndroma, tem necessidade de dominar, de subjugar e de impor sua autoridade sobre o outro, mediante coação; tem necessidade de aceitação e de pertença a um grupo; de auto-afirmação, de chamar a atenção para si. Possui ainda, a inabilidade de expressar os seus sentimentos mais íntimos, de se colocar no lugar do outro e de perceber suas dores e seus sentimentos. O indivíduo com SMAR apresenta a seguinte sintomatologia: irritabilidade, agressividade, impulsividade, intolerância, tensão, explosões emocionais, raiva reprimida, depressão, stress, sintomas psicossomáticos, alteração do humor, pensamentos suicidas.
A vítima, o alvo, é caracterizada por duas ordens de factores, os sociais e os pessoais ou de personalidade. Esta distinção é necessária porque as características pessoais irão acompanhar o indivíduo a sua vida inteira (salvo raras excepções), enquanto as sociais podem, e normalmente são, pontuais ou exclusivas de um período de tempo ou de um determinado espaço geográfico.
A vítima com características intrínsecas à sua personalidade é caracterizada como um indivíduo com pouca capacidade de relacionamento interpessoal ou social, ansioso, envergonhado, solitário, muito inteligente, pouco inteligente, inseguro, exageradamente protegido, com falta de auto-estima, fisicamente fraco ou com alguma deficiência física ou mental. Estas características normalmente acompanham o indivíduo durante um largo período da sua vida, ou na sua totalidade, o que o potencia para a eterna vítima. São potenciais doentes do foro psicológico ou psiquiátrico.
A vítima por factores sociais é sobretudo alvo por características extrínsecas à sua personalidade. São indivíduos de etnias diferentes das predominantes, que socialmente pertencem a grupos menos aceites, pertencentes a clubes rivais dos restantes, independentes, de língua ou sotaque materno diferente, cultura ou religião diferente, em suma, com características sociais momentaneamente diferentes do tipo dominante (etnia, classe, língua, etc.).
A vítima-agressora, indivíduo que é iniciado no bullying como vítima (maioritariamente por factores sociais) e que normalmente por vingança, como resposta aos ataques sofridos, por integração social, ou mesmo, por conveniência pessoal, muda o seu comportamento para agressor ou bully. Não são indivíduos emocionalmente estáveis e esta dualidade de papéis a desempenhar são desequilibradores da sua personalidade.
Os espectadores (”bystanders”) são a maioria dos alunos presenciam as situações de bullying e não interferem. A sua omissão existe por três razões distintas: por serem inseguros e temerosos e por isso sentirem medo de sofrer represálias ou, ao contrário, por estarem a ter “prazer” com o sofrimento da vítima e não terem coragem de assumir a identidade de agressores e, em terceiro lugar, para não perderem o contacto/protecção do agressor, transformando-se em potencial vítima ao fazê-lo (Kowalski, 2008).

2 comentários:

  1. Fácil muito fácil acabar com isto, uma boa tarei nos meninos cada vez que fossem apanhados a bater nos colegas.Eu levei muitas e ainda cá estou

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  2. E o pior é que isto pode ser assim a vida toda... Há quem pare de 'crescer' na adolescência! Mas sendo efectivamente gente com idade adulta, com outros recursos, tudo atinge uma dimensão maior!

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